Como a degradação ambiental pode favorecer o surgimento de novas doenças?

A pandemia em curso nos alertou para o que já estava evidente: a nossa relação com a natureza é extremamente egoísta. Com esse modus operandi destruidor e assustadoramente antropocentrista, o homem vem há centenas de anos destruindo o que ainda nos resta da natureza. Desde a revolução industrial e posteriormente com a tecnológica, estamos desmatando, poluindo e descartando cada vez mais. Com uma economia linear acelerada e catalizada pelo consumismo exacerbado e inconsciente, aliado a obsolescência programada, temos o resultado: um hecatombe ambiental.

As incessantes transformações ambientais induzidas pelo homem modificam a estrutura populacional da vida selvagem, de modo a reduzir a biodiversidade, resultando em condições ambientais que favorecem alguns hospedeiros, vetores ou patógenos. Segundo a Organização Mundial para Saúde Animal (2016) cerca de 60% das doenças infecciosas humanas e 75% das doenças infecciosas emergentes são zoonóticas. Além disso, a destruição dos habitats naturais de diferentes espécies, acaba reduzindo as barreiras naturais entre os animais hospedeiros dos vírus – nos quais os vírus circulam naturalmente – e nós, aumentando o risco de contágio em humanos.

Portanto, a nova realidade nos convida a mudar. Necessitamos desenvolver o senso de comunidade e de integração com a natureza. O ser humano não está só no planeta e são as relações com as diferentes populações que nos mantem vivos. É da natureza que retiramos o todos os insumos para sobrevivermos e criarmos novas tecnologias e produtos. É essencial a implementação da logística reversa e dos conceitos de economia circular para reduzir o impacto sobre a natureza. Aliado a isso, o consumo consciente, a mudança de hábitos e a educação ambiental podem ajudar a trilhar um novo caminho pós-pandemia, um caminho em que o normal é ser sustentável.